terça-feira, 29 de março de 2011

"O Retrato de Dorian Gray", clássico de Oscar Wilde, ganha uma nova versão cinematográfica


Provocante e ousado... O grande clássico da literatura ganha uma nova versão cinematográfica, dentre as diversas outras adaptações. O famoso Dorian Gray, criado pelo incrível Oscar Wilde, está de volta, agora com um aspecto diferente e tão diabólico como nunca visto antes. O que seria um belo romance acabou se tornando um excitante suspense sobrenatural.
O filme “O Retrato de Dorian Gray”, de 2009, não chega aos pés da maravilhosa obra de Wilde, mas consegue empolgar o público de alguma forma. Enquanto no livro há uma sensualidade implícita e sutil devido à época conservadora, o moderno longa é totalmente sem censura, e invade as telas com muita voluptuosidade e erotismo.
A trama se passa em plena Londres vitoriana, mais precisamente no século XIX. O belo e inocente jovem Dorian Gray (Ben Barnes), da alta sociedade inglesa, é influenciado pelo misterioso Henry Wotton (Colin Firth) a conhecer os prazeres hedonistas da cidade. E um renomado artista Basil Hallward (Ben Chaplin) resolve pintar um retrato de Dorian, com o intuito de capturar sua beleza jovial. Quando o rapaz se observa no quadro, em nome da vaidade, faz a promessa de que daria tudo, até mesmo vender sua alma ao diabo, para permanecer sempre com o mesmo visual retratado. A partir de então, Dorian muda completamente de personalidade, cometendo pecados e atrocidades, e obtendo o que ele mais almejava: a juventude eterna.
O protagonista Ben Barnes (conhecido pela saga “As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian”) está muito fraco. Bonito, mas com atuação medíocre, sem dramaticidade alguma. Com certeza, seu grande personagem merecia uma melhor performance. Já Colin Firth, em alta pelo garantido Oscar por “O Discurso do Rei”, exerce muito bem o seu papel, como sempre. Foi a escolha perfeita para encarnar o galanteador Henry Wotton.
Rebecca Hall e a ótima Fiona Shaw completam o elenco.
O mais interessante nesse filme são justamente a modernidade e o terror abominável consistentes no roteiro de Toby Finlay. Mas realmente faltou sutileza, elegância e discrição. Tem que haver muito cuidado para adaptar uma obra tão histórica como essa.
Lançado em 2009, o filme não alcançou grande sucesso no exterior e só estreou dois anos depois nos cinemas brasileiros, quando Firth venceu o tão esperado prêmio da Academia.
A obra tem seus defeitos, mas não a considero ruim, pelo contrário, conta com uma requintada direção de arte e belos figurinos, típicos da época. Mesmo que tenham desvirtuado a história, é uma adaptação interessante. Gostei da maneira audaciosa do cineasta Oliver Parker (“O Marido Ideal”) ao dirigir muito bem uma versão atmosférica, quente e diabólica. Ainda assim, o inesquecível livro de Wilde é estupidamente melhor em todas as entrelinhas.

Por Mário Zaparoli

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui o seu comentário.Obrigado!